sábado, fevereiro 12

E se tirarmos ?



Estava pensando em pessoas e seus valores, em seres humanos e suas obseçaoes patológicas também, o que de fato valorizamos? E quais são nossos verdadeiros medos? A principio em um olhar simplista englobou nosso amor ao lugar comum da vida diária como família amigos trabalho etc., e em segundo plano coisas ou situações que nos dão aquele prazer recreativo o parquinho da nossa mente, como musica, filmes, sexo, e outras paixões (cada um com suas bizarrices a parte) porem nesse texto quero ir além desses amores convencionais.

De fato quero tratar sobre amores ou paixões como queiram mais subterrâneos, aqueles que guardamos no underground da alma e que por vez o camuflamos com uma roupagem muitas vezes traduzida em nosso ser como raiva, ódio, desprezo, nojo, entre outros adjetivos, e de que raios de amores você esta falando cara? Se o que amamos é o que amamos e o que odiamos é o que odiamos? Apesar dessa sentença infantil não é bem o que me parece, como alguém já disse o amor e o ódio caminhão juntos de mãos dadas na confusa estrada na nossa mente, e partindo desse principio simples que escrevo esse texto como uma pergunta, e se tirarmos?

E se tirarmos isso de mim? Você já se perguntou alguma vez o que seria de certos seres se tirassem dele o motivo de reclamar, de lutar, de tentar se superar, se tirassem de alguns grupos seus inimigos? O que seria do corintiano sem o palmeirense ou do brasileiro sem o argentino, isso é claro estou sendo simplista e puxando pra rivalidade futebolística, mas pretendo ir mais além e questionar mais profundamente esses nossos demônios será de fato que os odiamos ou que criamos uma relação doentia com eles? Existem motivos de lutar se não houver inimigo? Há como saber o sabor de uma vitória sem antes experimentar a derrota? Qual o limite dessa obsessão?

Tiraram-se o Capeta da vida dos crentes o que lhes resta? Se o que alimenta hoje em dia boa parte da igreja é o fantasma do demônio que é de uma força antagônica ao Deus que dizem professar, não estou entrando no quesito fé por que isso é algo pessoal e eu também tenho a minha, o que questiono é o que realmente tem valor, somos seres que superestimamos o valor do inimigo, e se tirarmos o patrão da vida do trabalhador mal remunerado contra quem ele vai reclamar? E se tiramos a ditadura das letras daqueles artistas do período militar? Contra quem expressariam sua arte? E se tirarmos de nosso lado àqueles que nos perseguem no trabalho escola ou qualquer ambiente, contra quem iremos atribuir nossas derrotas?

É sobre esse ponto de vista que chego a uma conclusão estranha que nosso ser nutre um amor bizarro e doentio sobre muito daquilo que se chama ódio, ou nojo, como aquele garoto que vive brigando com a menina, mas no fundo gosta de estar pertinho dela sabe, precisamos entender mais quem de fato são nossos inimigos e quem apenas alimenta nosso lado humano, se tirarmos isso da gente corremos o risco de nos tornarmos pessoas vazias de sentidos existenciais, necessário nos é pesarmos na balança do nosso ser contra quem ou o que lutamos e sorrir de uma forma quase cínica, para aqueles que apenas nos fazem crescer.