segunda-feira, fevereiro 28

Musica

A musica é a minha mais antiga relação amorosa, nos conhecemos bem cedo, na realidade não sei precisar exatamente a época, é quase certo que foi em 1980, de uma forma intrauterina, visto que desembarquei neste mundo tenebroso em julho de 1981, não faço a menor ideia de qual era a trilha sonora que minha progenitora costumava executar em seu três em um, alguém se lembra desta antiguidade? Na realidade não faço a menor ideia de como é o rosto dela, mas este é outro assunto deixe focar novamente na musica, desde pequeno escuto ecoar pelas caixas de som das muitas casas que morei variados sons e cânticos dos mais eruditos aos de gosto seriamente duvidosos, o fato é que antes mesmo de adquirir uma idade no qual pude decidir por conta própria com o que arrebentar meu sistema auditivo, aquela magia sonora já me hipnotizava de uma forma singular, me lembro de assim meio que com nuvens nas imagens, certa vez em que tinha uns cinco anos e fui com minha irmã a uma padaria e lá estava rolando uma banda ao vivo, não sei o que tocavam, mas me lembro de muito bem do impacto do som estridente da caixa e do bumbo, aliado ao grave do baixo, o que para uma criança de cinco anos poderia ser um incomodo, pra mim, foi quase que uma experiência religiosa, anos depois a esse fato, por volta dos meus 10 anos fui inundado por uma cultura subversiva e totalmente nova pra minha compreensão de uma criança naquela idade, conheci então o rock , era 1991 ano do rock and. Rio, a mídia estava inundada de informações sobre o assunto, a radio estava possuída de bandas como guns n roses nirvana, sepultura, bandas essas que tocariam no tal festival, a rede globo transmitiu o evento recheando os intervalos com comentários que talvez eu com meus 10 anos pudesse elaborar melhor, mas pelo menos eles transmitiram, e eu fiquei ali dividindo a minha atenção com meu boneco do esqueleto do He- man, e a tela da televisão, mas em certo instante deixei cair no chão o boneco e fiquei ali parado fixo olhando pra tela como no clip de i Love to loud do Kiss, era o inicio da minha entrega mais profunda ao gênero que ajudaria a forma minha personalidade, a esta altura minha vida não vinha bem, carregada de problemas familiares, e psicológicos de percas irreparáveis, e mudanças bruscas até pra um adulto, aquela atitude aquele som agressivo, aquele visual sujo, a desempenho destrutiva. Ligado qualidade musical daquelas diversas bandas, fez com que algo absorvesse meu ser, de modo a me transferir a uma nova perspectiva de vida, mesmo eu não compreendendo isso na época, um ano depois em 1991, já conhecendo uma coisa ou outra de som, pude conhecer um menino da minha idade, que tinha um irmão mais velho que vivera nos anos 80 e conhecia muita coisa, e tinha muito material em vinil, quando entrei em seu quarto me senti em um templo com dezenas de pôsteres, grudados na parede, me lembro do que mais me chamou a atenção foi um do Kiss, ao me apresentar sua coleção de vinil e gravar pra mim todos eles, foi como um batismo me deixando a par de bandas que iam do hard rock mais comercial ao death metal e grind core mais grotesco, tudo era novo tudo era admiravelmente verdadeiro naquela época, e eu fui me tornando cada vez mais ligado a essa cultura, com o passar dos anos fui conhecendo outros estilos e hoje escuto os mais variados possíveis, classifico a musica com aquele velho clichê, musica boa e musica ruim, pra mim esses são os dois estilos, aquilo que me passa algo que toca em minha alma eu escuto e oque eu não me diz nada ignoro, foram varias fases dentro deste tema, me lembro de quando era metal, só usava o uniforme característico do gênero, mas essas fases passam oque não passa é o amor pela musica, a única queixa que tenho dela, é não ter nascido com talento para tocar nem compor nada mesmo tendo uma banda quando adolescente, nunca pode mostra a ti, senhora musica o quanto eu te amo, falando em sua própria linguagem, mas me contento ouvindo os que assim foram abençoados por esta dadiva.